O texto abaixo foi feito para o programa “Bola da Vez”, da Espn Brasil, que recentemente recebeu Oscar Schmidt. Oscar entrou para o Hall da Fama do Basquete neste fim de semana, tornando-se definitivamente imortal.
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Dizem que os grandes arremessadores vivem e morrem chutando.
Quando estão mal, atolam seus times num buraco de bolas defeituosas.
Quando estão bem, os levam a lugares onde eles jamais imaginaram chegar.
Mal ou bem, os grandes arremessadores nunca param de chutar. Isso é o que eles sabem fazer, um presente genético aperfeiçoado por incontáveis horas dedicadas a um só movimento.
Eles chutam para comemorar, chutam para esquecer, chutam para poder continuar chutando, como se cada batida do coração merecesse o inconfundível som do encontro entre a bola e a cesta.
Os grandes arremessadores não precisam de espaço ou tempo. Basta um rápido olhar, e a memoria dos músculos ativa um gatilho automático.
Eles não precisam ter a bola, apenas tocá-la. Não precisam ficar perto da cesta, apenas saber onde ela está.
Nunca houve um arremessador como Oscar.
Ele representa uma época em que a seleção brasileira estava habituada a disputar os jogos olímpicos. Oscar esteve em nada mais do que cinco edições.
Ele também representa um dia em que o impossível aconteceu com a seleção mais poderosa do mundo, em casa, inundada por uma chuva de bolas de três pontos.
A era de Oscar sempre receberá críticas por oferecer um basquete unidimensional, impaciente, pouco elaborado.
Mas como poderia ser diferente se, na quadra, havia alguém como Oscar?
Quem se atreveria a dizer para Oscar deixar de chutar? Seria como pedir a ele que não respirasse mais.
Os grandes arremessadores vivem e morrem chutando.
Nunca houve um arremessador como Oscar.